25 de abril de 2009
18 de abril de 2009
Natureza não tem dono
11 de abril de 2009
Crítica e público
Existe uma diferença sempre latente entre o gosto geral, do público (mesmo que não saibamos definir bem o que seja “público”, pela sua heterogeneidade) e da crítica (igualmente). Ainda assim, é comum, principalmente em festivais de música, dança ou cinema, o voto popular ser diferente do voto da crítica.
Do mesmo modo que não dá para generalizar o gosto do que chamamos de “público”, existe um gosto médio, de uma maioria. Ele é formado pela comunicação de massa, principalmente a televisão. Se a Ivete Sangalo aparece todos os finais de semana na tevê, por que a maioria que a assiste gostaria de ouvir música melhor? Ninguém pode gostar do que não conhece.
O problema da formação do gosto, e por isto a máxima de que o gosto não se discute não tem sentido, é que alguém só pode gostar de algo se primeiro conhecer, e, em segundo lugar, gostar do que é consenso. Afinal, poucos gostam de se sentir sós, inclusive na divisão do gosto.
Os meios de comunicação de massa não fazem a menor questão de que a maioria das pessoas tenha uma boa formação intelectual ou cultural. A tendência, seja nas rádios, seja nas tevês, nas revistas, nas livrarias, é ter cada vez mais do mesmo. E esta tendência é que faz com que o público se distancie da crítica, porque o crítico procura, garimpa, vai ouvir o que não toca na rádio, o lado B, como se dizia na época do vinil. E por isto sua formação é diferente. Mas é óbvio que mesmo críticos, por sorte, divergem também, e muito.
Outro dia vi no Youtube um debate entre os escritores, já mortos, Nelson Rodrigues e Otto Lara Resende. (veja aqui: parte um, parte dois, parte três) O programa durou pelo menos meia hora, foi exibido num canal aberto, na Rede Globo, e era uma conversa franca, sobre vários assuntos. Hoje, este debate não levaria um minuto, só seria exibido num canal fechado, ou seja, passaria ao largo do suposto “gosto da maioria”. É óbvio, portanto, que a formação do gosto só pode ser ruim, porque se em algum momento da história Nelson Rodrigues e Otto Lara debatiam francamente, e hoje quem debate são uns debiloides num aparente show-realidade, com uma audiência fantástica, o que podemos esperar do gosto público? Pelo jeito nada. A não ser que a tendência de se distanciar do gosto da crítica seja cada vez maior, infelizmente.
4 de abril de 2009
A quem os deputados defendem?
A aprovação absurda do código ambiental no começo desta semana, pelos deputados estaduais, teve, de um lado, os defensores, o governo e os agricultores e donos de terra, e, de outro, os ambientalistas. A população, no geral, esteve apática, como se nada disso tivesse a ver com ela. Talvez tenha sido este o grande problema. Os agricultores afirmam que a atual legislação federal os impede de plantar mais e de cortar mais árvores para plantar mais. A distância das margens dos rios para uso e plantio, cujo código brasileiro diz que deve ser de 30 metros, passou para cinco no código estadual. O impacto, até um bebê sabe disto, será tremendo. Os agricultores e donos de terra têm interesses pessoais, que é o de ampliar sua capacidade de produção. Mas precisamos saber que estes interesses prejudicam essencialmente o meio ambiente, mesmo que a produção seja ampliada.
É preciso que nós, que não somos donos de terras, mas consumidores desta produção dos donos de terra, escolhamos entre um futuro sem desastres ambientais ou um pouco mais de comida na mesa. A produção ostensiva de suínos no Oeste catarinense, por exemplo, é uma das maiores poluidoras da região. O que você prefere? Comer mais porco ou ter uma vida melhor? Você quer comer mais maçãs ou ter sua casa destruída pela enchente ou não ter água para beber no futuro? Estas eram as perguntas que os deputados deveriam ter feito antes de ter votado. A aprovação do novo código, além de inconstitucional, é um desastre maior do que o ocorrido no final de 2008, escreveu, na Folha de S. Paulo, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Sem contar que Santa Catarina já sustenta o título de campeã nacional de desmatamento dos remanescentes da Mata Atlântica.
Precisamos mudar radicalmente nossa postura diante da ocupação violenta da natureza, e ela passa também pelo apoio a todas as medidas, mesmo as radicais, a favor do meio ambiente, ou deixaremos a nossos filhos um enorme rastro de desastres, rios sujos, furacões, mais e mais enchentes, mais deslizamentos e, quem sabe, um belo deserto. Para quem se pretende ser um Estado turístico, nada mal começar destruindo aquilo que o turista vem buscar aqui, a natureza. Os nobres deputados catarinenses, incluindo os que se vergonhosamente se abstiveram, mostraram ao resto do país que Santa Catarina é um Estado muito pobre e muito tacanho mesmo no que diz respeito ao meio ambiente. A quem eles defenderam mesmo?
Diário Catarinense, 4 de abril de 2009
SOBRE O ÓDIO
a cena mais emblemática da insanidade coletiva causada não pelo vírus, mas pelo mentecapto presidente, é a do governador ronaldo caiado, de...
-
opa, peraí. não recebo bolsa família, não sou ignorante, parto sempre do princípio dialético sobre pontos de vista não coincidentes e não so...
-
Conheci o Fábio Brüggemann nos 80. Ele era o agitador cultural da Faculdade de Letras. Poeta, contista, escritor de crônicas, diret...