
Luna e o muro de Berlim
Na próxima segunda-feira, comemora-se 20 anos de dois acontecimentos fundamentais pra história da humanidade, ou pelo menos da história recente dela. O primeiro é a queda do muro de Berlim. Construído em 1961 pela ex-Alemanha Oriental, que se autodenominava República Democrática Alemã, mas que de democrata não tinha nada, o muro dividia Berlim ao meio. Mais do que a real barreira, feita de concreto, foi símbolo de uma guerra que de fria também tinha apenas o nome. Eram 66,5 km de pedra, com 302 torres de observação, redes eletrificadas, cães de guarda e seres humanos dispostos a matar outros seres humanos apenas porque desejavam passar de um pedaço de terra a outro. Nada mais era do que um símbolo da estupidez humana.
O segundo acontecimento, enquanto civis alemães começavam a lascar e derrubar tal muro, foi o nascimento de uma menina a que batizei de Luna. Lembro bem da minha cara colada na vitrina que separa pais chorões de bebês igualmente chorões. Lembro que não tinha sol naquele dia, que era mais ou menos cinco da tarde, e que a mãe dela estava linda. Lembro que Luna agitava os braços procurando uma parede de barriga que não existia mais. Lembro bem de ter pensado o que seria a vida daquele bebê, num mundo que parecia se renovar. Lembro de ter pensado, como ela será daqui a vinte anos?
Os vinte anos passaram rapidinho e o mundo não ficou melhor. É cada vez mais violento, mais preconceituoso, e com mais pessoas à margem de qualquer coisa que o leitor possa imaginar de conforto, saúde, educação, moradia, alimentação ou cultura. É um mundo onde a tecnologia nos faz derrubar, sim, os muros que cercam a comunicação. Podemos nos comunicar sem problemas com qualquer cidadão de Berlim que tenha acesso a um computador. Mas é cruel, por esta mesma estatística, pensar que apenas 2% das pessoas no planeta têm acesso a computadores.
É um mundo onde ficou muito fácil para qualquer babaca se dizer democrata, mas que no fundo ainda compra votos, acha que progresso é asfalto, que cultura é turismo, e que destruir cidades e mangues é bacana. Apesar de eu não ter conseguido te dar um mundo mais justo, fiz o que pude, nessa tarefa quase inglória que é a de escrever. Parabéns, minha filhota.
Comentários
Há 20 anos eu entrava na faculdade com todas ganas de fazer algo de bom por mim e pelo mundo!
Tenho feito algo de bom por mim...já pelo mundo...tô devendo!
Parabéns Luna!
Beijocas em vocês!!!
parabéns pela sensibilidade. pela sinceridade. pelos escritos de sempre.
parabéns.
e a luna, pelos 20 anos.
qdo nasceu tom o mundo era uma enorme tempestade de neve- não se via nada, nada, nada- de certa forma uma visão reconfortante, uma enorme página em branco estreiando a vida maternal desta mãe artista aqui...
E a cada ano,cada dia, hora, minuto e pequeno segundo, ela me surpreende e me encanta, cada vez mais e mais e mais.
E como a Neide disse:
"...maravilha da genética de Patrícia e Fábio". Eu sou grata pela tua sementinha na minha terra. Somos deuses. Que bela criatura criamos, gente fina, elegante e sincera!
Se o mundo tivesse se espelhado nela e se desenvolvido como ela , ele seria melhor, mais justo, elegante,puro, belo, inteligente, alegre, querido e sincero. Bacana pra caramba, fofo demais.
A vida é bela mas a Luna é mais!
Ai,ai...Babei pela cria. Inevitável, né? Coisas de mãe.
pat
e obrigada aos parabéns via comentários!
Fernando Karl
cecel
um professor conhecido teu já em tempos me havia dito o Bruggemann polêmico, inconformado, 'indomado', crítico, ousado... deve ser por isso a volta e meia (re)mexida em barro, aterros... asfaltos...
abraço, Maloio
Abraços e felicidades Para Luna!!
By:Crislaine!!
Santo Antonio de Lisboa,
que mágico!
Parabéns pra ela, pra ti e pra mãe dela!
parceria público privado
Assim, alternadamente nos movemos neste mundo. Criamos referências para nos situarmos no tempo e no espaço.
Imagino teu tempo, teu espaço, quando, acontecimento tão significativo como a queda do muro iluminou o futuro real que se desenhava a tua projeção, um ato Divino de Criação.
Parabéns à filhota e seu orgulhoso pai.
O mundo está realmente melhor, o problema são os moradores dele.
Mas com a força da nova geração, que modelamos a nossa imagem e semelhança prosseguimos o caminho, passo a passo.
Ainda faltam alguns muros que continuam a turbar nossa vista: Marrocos,Cisjordania, Ceuta/Melila, Mexico e, depois fronteiras e tordesilhas..
Abraços.