29 de maio de 2010
22 de maio de 2010
Cultura e barbárie
Como não existem políticas públicas para a educação, por exemplo – nem o cidadão cobra, nem o Estado faz questão de ter – em poucos anos, desde que a Ditadura Militar acabou com o País, impondo políticas de idiotização da população, temos uma geração incapaz sequer de compreender a diferença entre estado e governo. E isso é um tipo de violência.
Há um abismo que se abre, e ele é cada vez maior, quando tanto Estado quanto população compreende “cultura” somo se fosse perfumaria. Essa incompreensão conceitual é o caminho mais fácil para a barbárie, que talvez seja, no fundo, o que todos queiram. Talvez a barbárie seja uma parte da essência humana, a qual, poucas pessoas, lutam contra ela. É como se fosse um furacão empurrando uma porta, muito maior que nossa capacidade física tem de segurá-lo.
A barbárie sempre esteve (e está) bem próxima. Instalada, cada vez mais, nos gabinetes dos governos, nos tribunais, na mídia, na escola, no trânsito, é uma enorme, crescente, e cada vez mais assustadora onda, cuja educação e a arte, infelizmente, não conseguiram, e talvez nunca consigam, barrar.
15 de maio de 2010
O que é público no transporte?
8 de maio de 2010
Fora, pavão
O pavão é um bicho esquisito. Quero dizer, é feio mesmo. Não entendo por qual motivo alguém resolveu criar o adjetivo “pavonear” para falar de pessoas que gostam de aparecer. Para parecer um pavão? Sei não.
1 de maio de 2010
Meninos também escrevem diários
Quando fui garoto, acreditava que os meninos que gostavam de música e poesia eram maricas. E mais ainda os que gostavam de dançar. Ninguém usava os termos gay, homossexual, viado ou bicha. Era maricas mesmo. E eu não queria ser um maricas. É engraçado, mas apesar da feminização do sujeito, o artigo era masculino: “um”, sim, “um maricas”. Mas eu gostava mesmo era de jogar futebol, coisa de menino. Por sorte, hoje tem meninas, como a Graziela Meyer, que gostam de futebol.
Mas um dia, comecei a ler romances, depois livros de poemas, e, enfim, ouvi Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento, e comecei a gostar de música. Mas peraí, como assim? Eu gostava, gosto, de mulheres, do cheiro delas, do pescoço, daquele osso que aparece nos quadris quando elas são magrelas (daí meu gosto pelas magrelas, talvez), enfim, eu descobri, ouvindo música e lendo poemas, que os meninos gostam mesmo é de contrariar. E eu contrariei. Tanto, que logo logo, mais do que gostar de música, de ler poemas, de gostar de teatro, aquele garoto que fui também começou a fazer tudo isso, a despeito do que os machistinhas e preconceituosos pensavam.
Pra usar um brinco na orelha esquerda, como protesto por uma ditadura que poucos ao meu redor reconheciam como sendo, foi um pulo. E, é claro, a cidade não coube mais em mim. E no dia em que eu fui-me embora eu nem olhava pra trás. Hoje, acho engraçado dançar. Mãos para um lado, olhos procurando o outro sem disfarce (não tem como disfarçar, porque só se dança se for para alguém), pés tentando encontrar um ritmo que o satisfaça, enfim, não danço nada, apesar de saber que se eu soubesse dançar teria todas as mulheres do mundo aos meus pés.
Mas eu nem quero todas as mulheres do mundo. Nem caberiam numa agenda, e eu não tenho tantos ouvidos assim, para tanta boca falando neles. Eu quero apenas aquela que não se importa pelo fato de eu não saber dançar, mas que gosta quando eu seguro a sua mão enquanto ela dança. Sim, aquele garoto, que nasceu tão cedo, tão antes, pertence a um mundo talvez bem estranho à maioria que não lê poesia e ainda acredita em deuses. Aquele garoto continua lendo, se acha o último romântico, sabe pouca coisa do mundo, apesar de desconfiar de muita, e ainda é amigo de muitos maricas. Só não dança, né, que aí já é demais.
SOBRE O ÓDIO
a cena mais emblemática da insanidade coletiva causada não pelo vírus, mas pelo mentecapto presidente, é a do governador ronaldo caiado, de...
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opa, peraí. não recebo bolsa família, não sou ignorante, parto sempre do princípio dialético sobre pontos de vista não coincidentes e não so...
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Conheci o Fábio Brüggemann nos 80. Ele era o agitador cultural da Faculdade de Letras. Poeta, contista, escritor de crônicas, diret...