4 de setembro de 2010

A morte do jornal

Nesta semana, o Jornal do Brasil, um dos veículos mais importantes da história do jornalismo brasileiro, anunciou seu fim. Ele deixou de circular em seu formato impresso, mas existirá nas páginas composta por bites e bytes da internet. Os saudosistas do papel reclamam e anunciam a morte do jornalismo como um todo, como se apenas o papel tivesse credibilidade, e como se apenas ele pudesse anunciar uma notícia. Para outra parte, uma geração mais nova, gente que nunca saiu de casa para comprar um jornal na banca, a morte do JB não faz a menor diferença, porque só lê notícia pela internet ou pela televisão.

Há muito que o jornalismo “de furo” perdeu o sentido. Hoje, as redes sociais, e principalmente o Twitter, são os veículos de comunicação do que podemos chamar de “notícia fresca”. Expertos foram os jornais que encheram seus papeis de opinião. Se a tevê e a Internet davam o furo antes do impresso, sobrava ao jornal publicar a opinião para comentar o furo. E foi isso que aconteceu durante, talvez, os últimos 10 anos.

Só que os formadores de opinião começaram a ficar independentes e a ter seus próprios blogues. Mais uma vez, o que salvou os jornais foi mantê-los, ainda que independentes, sobre as asas de seus próprios portais na rede. Mas não é todo mundo que entrou nessa. Para estes, talvez só reste mesmo a transformação, sair totalmente, como fez o JB, do velho e bom papel para o impalpável da internet.

Muitos, porém, ainda pensam que a internet não tem credibilidade suficiente. Mas basta pesquisar na história e ver quanta barrigada o jornalismo também produziu. A diferença é que a internet não tem dono. Qualquer um pode escrever o que bem entender. E se nela tem do ruim e do bom, é apenas um espelho da sociedade. O que teremos que ter no futuro é bons leitores, para filtrar com inteligência o crível do não crível. E talvez tenha sobrado ao jornal impresso não mais o papel de noticiar, mas o de educar, e deixar a notícia para quem é mais rápido que a prensa.

2 comentários:

Marliio disse...

Fabio, pra mim que nao estou no Brasil e leio o JB pela internet, o jornal impresso nao me fará falta.

Juan PLC Salazar disse...

Um dos aspectos que me preocupam com o desaparecimento de jornais como o JB é como isso afetará o jornalismo investigativo. É um tipo de jornalismo que não se sustenta com tweets ou discussões em fóruns da internet. É preciso investir dinheiro, as vezes por um período longo de tempo. Jornais nos EUA também enfrentam esse problema, e buscam outras alternativas para manterem-se funcionando. Cortes são feitos nos gastos, e o jornalismo investigativo sofre com isso. Sem o jornalismo investigativo não teríamos Watergate e possivelmente a Guerra do Vietnã teria durado muito mais tempo (faça uma busca por "My Lai Massacre").

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