E depois do boi?
Cadê o toucinho que estava aqui? O gato comeu. Cade o gato? Foi pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou. Cadê a água? O boi bebeu. E depois do boi, esqueci. Nem sei o motivo pelo qual essa sequência infantil apareceu na minha cabeça. Assim do nada, em plena viagem, descendo a Serra, ela entocou no cérebro. A memória é uma ilha de edição, escreveu o grande poeta Wally Salomão. Por que será que ela me fez lembrar uma brincadeira de criança, mas ao mesmo tempo não me trouxe a brincadeira toda?
Estou há alguns dias querendo saber o que vem depois do boi, mas não consigo lembrar. Sim, eu poderia procurar no Google, ligar pra um amigo, perguntar pra mãe. Mas achei que estaria dando muita moleza pra memória. Ou eu me esforço, ou vou achar que todas as respostas estão no grande oráculo, como diz a Maria.
Muitos leitores escreveram emocionados com o presente que ganhei da G., relatado aqui, no sábado passado. Alguns perguntaram se inventei a história toda. Não, ela existe, se chama Gabriela se veste de palhaço pra alegrar as crianças, e, por isso, deve saber o que vem depois do boi. Além do mais, vários destes leitores escreveram para dizer que são o décimo quinto leitor. Foram tantos, que já perdi a conta de quem é quem. Suponho que já devo ter bem uns 25, sem contar a carta da professora Ivonete, da Escola de Educação Básica Governador Celso Ramos, de Joaçaba, avisando que agora não são mais quatorze, mas muitos. Decerto que tenho que parar com essa brincadeira e aceitar tamanha responsabilidade.
Falar em responsabilidade, sei que jornal é coisa séria, tem que ter notícia e informação. Afinal, golpistas militares depuseram o presidente eleito, a Austrália sofreu uma invasão de areia, direitistas norte-americanos vão às ruas porque Barack Obama quer investir em saúde, o Correio está em greve, os congressistas votaram pela ampliação do número de vereadores, a violência aumenta cada vez mais, e eu aqui preocupado porque não sei o que vem depois do boi. Meus inestimáveis e agora incontáveis leitores, afinal, o que vem depois do boi?
9 comentários:
Eu também não sei o que vem depois do boi. Inventaria um "Cadê o boi? O homem comeu."
«o que vem depois do boi?»
Sabes que fiquei olhando hoje num potreiro (em caminhada a pé em estrada de chão) depois de ter lido o teu texto e descobri que depois do boi vem grama; um gramado verde inclinado - ótimo para escorregar de papelão... E depois dessa grama verde vista, veio na mente rememorar de antigamente; memórias; tempos de criança; e veio em seguida a continuação da estrada de cascalho; o mato na beira da estrada; o pé de amoras silvestres (com seus espinhos)... e agora, depois do depois do boi, vim pra cá.
Abraço cordial, Maloio
ps.: http://www.ingo.burckhardt.nom.br/blog - é do mestre Ingo, também com referências à infância.
po não entendi nada desta crônica, mas achei um barato, de verdade. o retorno do boi foi fundamental pra fechar com chave de ouro. é sem dúvida o assunto mais o importante da crônica. parabéns.
Puts... eu sei o que eu vem depois do boi. Parece que minha memória funciona mais pra brincadeiras do que para "as cosias sérias". Mas, claro, não vou falar por que pretendo contribuir para a tua memória, a não ser que queiras realmente.
Digo-te ainda, que não desisti do armário. Não o farei (desistir), a não ser que o faças primeiro.
Abraços
Maika
Cadê o boi? Foi carregar trigo. Cadê o Trigo? o pato espalhou? Cadê o Pato? não lembro mais.
Fábio numa feliz busca encontrei teu espaço, muito bom, textos fortes, ora sensiveis, ora sérios. Numa época de crises, como detalhou, nada melhor do que saber cadê o boi e ativar a memoria para um lugar onde cartas chegam pelo pombos ou corujas e não precisamos mais dos correios.
beijos Lisa
http://lisaallves.blogspot.com
que legal isso aqui compadre bruggemann!!!!
e...o boi carregando o trigo...cd o trigo? a galinha espalhou...cd a galinha? foi pra panela....
vaca amarela!!!rsrsrrs
beijares e SS...salve sábado!
olá fabio Bruggemann, meu nome é augusto, moro em criciuma santa catarina.você ira em minha escola acho que mes que vem. E.E.B.G heriberto hulse.
eu irei fazer parte da comissão que ira recepiciona-lo em nossa escola.
gostaria que você me mandasse um outro meio que posso ter contato com você,(msn,email)para fins de conhecê-lo melhor. o que você gosta de fazer tirando escrever ,que tipo de musica você gosta,o que você aprecia
ou seja qualquer coisa que você gosta.
desde já muito obrigado em nome de todos.
meu msn: augustorezende_25@hotmail.com
meu orkut: augusto rezende içara
Olá Bruggemann!
Meu nome é Thayla e sou aluna da professora Ivonete, aqui do colégio Celso Ramos de Joaçaba.
Lemos ' E depois do boi? ' na coluna do jornal em sala de aula.
Adoramos e lemos sempre suas cronicas! Somos seus leitores!
Um abraço do 3ao(turma 301 V.
Cabana - Lages - 11/-12/2009.
Te dou continuidade com o trabalho do campo dizendo do boi. Me dirás da festa dos gringos?
Quando criança, sentado no joelho de meu pai, este espalmava minha mão e coçando com o indicador perguntava: Cadê o toicinho daqui?
O gato comeu...
Cadê o gato?
...
Cadê o boi?
Tá moendo trigo...
Cadê o trigo?
A galinha comeu...
Cadê a galinha?
Tá botando ovo...
Cadê o ovo?
O padre bebeu...
(beber ovo? nunca vi disso),
Cadê o padre?
Tá rezando Missa...
Cadê a missa?
Siacabô...
...E os dedos indicador e medio subiam em andadura da palma da mão pelo braço,ao compasso de "gatinho adiante e cachorrinho atrás", e se sabia, acabaria "ciscando" o sovaco da indefesa criança...
Mas agora me diga, me dê continuidade:
Dos tempos em que não havia sábado sem sól, nem domingos sem missa, as crianças, enquanto se arrumavam para a pregação religiosa cantavam:
Hoje é domingo,
Teu pai é um gringo,
Fumando Cachimbo
Na porta da venda...
o resto não lembro mais...
Bons tempos,
Abraços
Postar um comentário